Mulheres na Igreja Primitiva
-Tema: MULHER
-Introdução: Desde os
primeiros tempos as mulheres se destacam n a Igreja e se entregam ao serviço
cristão através de uma vida dedicada à obra de Deus. Enfileiraram a galeria dos
Heróis da fé (Hebreus
11.35-40), como verdadeiras heroínas que lutaram pelo evangelho.
Suas histórias não podem jamais ser esquecidas para inspirar outras mulheres
lutadoras.
As
mulheres foram responsáveis diretas pelo crescimento na Igreja Primitiva. Em
Roma existia quinze mulheres para cada oito homens, mostrando que numericamente
prevaleciam no contexto da Igreja.1
Quem foram as mulheres da Igreja Primitiva?
Dorcas: mulher caridosa que ajudava muitas pessoas necessitadas em Jope e por isso era muito querida pelo povo. Foi ressuscitada através da oração de Pedro (Atos 9.36-42).
Maria: mãe de João Marcos que tinha uma
igreja reunindo em sua casa (Atos 12.2).
Lídia: fundadora da Igreja em Filipos a
partir de sua casa, de onde o evangelho entrou na Europa (Atos 16.14,15 e 40);
Dâmaris: se converteu ouvindo o apóstolo Paulo
no areópago em Atenas (Atos 17.34).
Priscila: esposa de Áquila, fazedora de tendas
com seu marido e companheiros de viagens missionárias com Paulo (Atos 18.1-3, 18-21;
Romanos 16.3; I Coríntios 16.19). Foram discipuladores de Apolo (Atos 18.18,26).
Febe: mulher enviada para servir a Igreja
em Cencreia, considerada diaconisa (Romanos 16.1). Foi uma mensageira que levou a
carta de Paulo aos Romanos.
Maria: uma cristã em Roma elogiada pelo
serviço prestado aos apóstolos (Romanos 16.6).
Júnias: parente do apóstolo Paulo e esposa
Andrônico. O casal se converteu antes de Paulo e provavelmente foi referência
discipuladora para ele. Os dois foram citados por Paulo como “apóstolos”
(Romanos 16.7).
Trifena e
Trifosa:
provavelmente duas irmãs que trabalhavam na igreja em Roma (Romanos 16.12).
Pérside: mulher trabalhadora entre os cristãos
romanos, considerada amiga de Paulo (Romanos 16.12).
Júlia: cristã da família de Filólogo,
possivelmente irmã ou esposa (Romanos 16.15).
Irmã de Nereu: embora não cite o nome, o texto
declara que juntos dirigiam uma Igreja doméstica em Roma (Romanos 16.15).
Evódia e
Síntique: duas
mulheres da Igreja em Filipos, que se desentenderam e por isso foram exortadas
por Paulo. Provavelmente seriam líderes colaboradoras dos filipenses (Filipenses 4.2,3).
Ninfa:
mulher que hospedava
a igreja dos colossenses em sua casa (Colossenses 4.15).
Lóide e
Eunice: avó e mãe do
jovem Timóteo. Eram mulheres judias que provavelmente teriam se casado com
homens gregos. Ensinaram Timóteo no evangelho desde criança (II Timóteo 1.5;
3.15; Atos 16.1).
Áfia: possivelmente a esposa de Filemom. Mulher
hospitaleira, que recebeu cristãos em sua casa. O destaque de sua citação
demonstra que era uma mulher influente e colaboradora do ministério de Paulo (Filemom 2).
Cláudia: Possível companheira de prisão do
apóstolo (II Timóteo
4.21).
Estas
dezenove mulheres citadas na igreja do Novo Testamento revelam que a presença
feminina era marcante exercendo liderança no meio dos apóstolos. Mas elas não
eram apenas colaboradoras dos apóstolos, também exerciam funções de destaque.
Algumas
funções exercidas por mulheres na igreja apostólica:
1) Apóstolas
Embora a palavra apóstolo não era usada no feminino, como também a palavra discípulo e outras que eram acompanhadas do termo mulher, como “mulher apóstolo” e “discípulo mulher” para designar gênero2. O sentido neotestamentário da palavra apóstolo é o de enviado ou missionário. Sendo assim, mulheres enviadas em missão poderiam ser consideradas apóstolas, mesmo que não recebessem diretamente este título. Em Romanos 16.7, Júnias e seu esposo Andrônico são chamados de “notáveis entre os apóstolos” incluindo aqui a figura feminina.2) Profetizas
Muitas mulheres tinham o dom de profetizar, cumprindo a profecia de Joel em que o Espírito Santo é derramado sobre “filhos e filhas... servos e servas” (Atos 2.17,18). No dia de pentecostes, estavam reunidos cerca de cento e vinte discípulos e havia muitas mulheres entre eles (Atos 1.14), quando “todos” receberam o Espírito Santo (Atos 2.1-4). Podemos definir a profecia incluindo o ato de anunciar a Palavra de Deus, que pode ser entendido também como pregação (I Coríntios 14.3). No texto de I Coríntios 11.5, onde há orientações sobre “toda mulher que ora ou profetiza”, embora Paulo coloque restrições e exija o uso do véu pelas mulheres como ato de submissão aos homens, mesmo assim o texto revela que as mulheres tinham liberdade de profetizar na Igreja3. As quatro filhas de Filipe, o evangelista eram profetizas (Atos 21.9).3) Diaconisas
Diaconia é traduzido como serviço ou ministério. Quando Paulo orienta sobre o perfil do diaconato em I Timóteo 3.11, se dirige também às “mulheres do mesmo modo”, colocando-as em igualdade com os demais diáconos. O texto aqui não se refere às mulheres em geral na Igreja, ou às esposas dos diáconos, mas sim a mulheres que exerciam o efetivamente o diaconato4. Muitas mulheres trabalhavam na Igreja e tinham seus nomes associados à Palavra diakonia, como no caso de Febe em Romanos 16.1 citando “Febe, que está servindo à igreja de Cencreia”, onde a palavra servindo é diákonon [dia/konon]. Vários Pais da Igreja citaram o exercício do ministério das diaconisas na Igreja Primitiva.4) Presbíteras
Os presbíteros eram anciãos da Igreja que atuavam no ministério pastoral. Em I Timóteo 5.2, onde se traduz “mulheres mais velhas” ou anciãs, o texto original é presbuteros (presbu/terov), no plural e feminino, mostrando que havia várias presbíteras na Igreja5. O mesmo acontece em Tito 2.3 quando cita as “mulheres idosas” como modelo de instrução para outras mulheres mais jovens (Tito 2.3-5). Isso demonstra que as mulheres mais experientes colaboravam no ministério pastoral da igreja.As mulheres são usadas por Deus!
CONCLUSÃO
As
constantes citações de mulheres no Novo Testamento revelam que o cristianismo
primitivo não era um movimento patriarcal, mas familiar e inclusivo. Segundo Werner
Georg Kümmel6, as
mulheres citadas nas cartas paulinas eram coadjutoras de Paulo, que embora
demonstre em alguns momentos não aceitar o ministério feminino, reconhece o
serviço de várias mulheres na igreja. Kümmel chega a desconfiar que as traduções
do grego neotestamentário tenham sido tendenciosas preferindo expressões
masculinas. Mesmo assim não conseguiram evitar a evidência da influência
feminina na igreja.
Dentre
os ministérios no Corpo de Cristo não há apenas homens, pois isso negaria o
princípio da diversidade (I Coríntios 12.12-27). Não existe mais diferença
entre homem e mulher na obra de Deus (Gálatas 3.28), porque em Cristo somos um.
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BIBLIOGRAFIA:
RODRIGUES, W.
N. Mulheres na Igreja Primitiva. Voz Missionária,
São Bernardo do Campo/SP, p. 28-,29. Ano 87, Março/Abril 2016.
1RODRIGUES, Welfany Nolasco. A Evangelização na Igreja Primitiva.
Belo Horizonte: Filhos da Graça, 2015. Página 34.
2 ARAÚJO,
Carlos Alberto R. de. A Igreja
dos Apóstolos: conceito e forma das lideranças na Igreja Primitiva. Rio de
Janeiro: CPAD, 2012. Página 48.
3 IDEM, páginas 212, 213.
4IDEM, páginas 237-240.
5 VINE, W.E.,
Merril F. Unger e William White Jr. Dicionário Vine. Rio de
Janeiro: CPAD, 2006 – 7ª edição. Página 808.
6 KÜMMEL, Werner
Georg. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulus, 1982.
88 páginas 14x21